Como já vimos, as ondas gravitacionais, previstas pela teoria da
relatividade geral de Einstein, são análogas às ondas eletromagnéticas, da
teoria eletromagnética clássica. Vimos também que tais ondas são geradas quando
uma quantidade muito grande de massa, ou matéria, é oscilada ou colocada em um
movimento acelerado. Por fim, mostramos que a detecção de ondas gravitacionais
é impossível hoje em dia, devido à característica muito fraca da interação
gravitacional, quando comparada com as outras interações físicas, como a
eletromagnética. Nesta última parte sobre ondas gravitacionais, vamos tentar
entender uma outra fonte de ondas gravitacionais, uma fonte que teoricamente
nos permite ter acesso aos primeiros momentos após o Big Bang.
Durante os primeiros estágios de
evolução do universo, este passou por um período de expansão muito rápida,
chamado de período inflacionário. Neste período, toda massa ainda estava
concentrada em uma pequena região do espaço, ocasionando assim uma alta
densidade de matéria. Com a expansão muito acelerada do universo, ondas
gravitacionais foram então geradas. Estas ondas, por terem sido geradas nos
primeiros estágios de evolução do universo, recebem o nome de ondas
gravitacionais primordiais.
Após ter terminado o período
inflacionário, o universo passou a se expandir de maneira normal. Por outro
lado, as ondas gravitacionais primordiais geradas passaram-se então a se
propagar ao longo do espaço. Essas ondas, assim como qualquer outra onda
gravitacional, interagem muito fracamente com a matéria, o que permite a ela
carregar toda sua informação original sem alteração ao longo do espaço-tempo.
Essa característica especial permite aos físicos, ao menos teoricamente, que
estudem os primeiros momentos do universo através das ondas gravitacionais
primordiais, uma vez que elas carregam informações sobre o período
inflacionário. Com isso, do mesmo modo que a detecção da radiação cósmica de
fundo permitiu que os cientistas “observassem” o universo aos 300.000 anos de
idade, a detecção de ondas gravitacionais primordiais seria tão surpreendente
quanto, uma vez que iria nos permitir “olhar” para os primeiros estágios do
universo. Uma detecção direta dessas ondas seria útil também para testar vários
modelos inflacionários existentes e, além disso, verificar os valores de
algumas constantes fundamentais em física.
As ondas gravitacionais primordiais
são de grande importância em física teórica e em cosmologia, pelos aspectos
descritos acima. Embora uma detecção direta seja atualmente impossível,
esperanças existem para um futuro a médio e longo prazo. De fato, é certo que a
esperança se resguarda mais devido ao caráter teórico do que experimental, uma
vez que estamos ainda muito longe de poder medir uma onda gravitacional
diretamente. Apesar disso, o caráter ondulatório da gravitação e o grande
sucesso da relatividade até o momento é um grande refugio para os que tem
convicções de que tais ondas serão detectadas algum dia.
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